quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Do teu filho

Hoje partilho convosco umas palavras que me deixaram completamente de rastos, quando as li, são dum filho de um Amigo que nos deixou esta semana, vitima de doença prolongada.
Até sempre Carlos!
 
 
Esta manhã já não soube ao mesmo.
Acordei com a boca seca, como se tivesse uma nuvem de poeira sobre mim.

Esperei que tudo não passasse de um sonho, mas há pouco ouvi a mãe a chorar.
Os abraços, os beijos e os apertos de mão não preenchem o vazio e a dor de me manter em pé, mas o seu calor recorda-me de que não estamos sozinhos.
 
“A vida continua.” – todos me dizem.
Como é que a nossa vida pode continuar se parte dela já não está presente?
Por vezes, no meio da dormência vem um pico doloroso de saudade.
Dou com uma lágrima a escorrer pela barba, sem me ter apercebido de que chorava.
 
Porque é que deixaste de lutar?
Já não aguentavas mais?
Eras a pessoa mais forte que alguma vez conheci.
Eras o homem da vida da mãe.

Pergunto-me se serei capaz de calçar os teus sapatos.
Se conseguirei ser forte o suficiente.
Se fui o que esperavas de mim.
Se te dei orgulho, por quem me tornei…
Permaneço firme, enquanto te descem.
Represento-nos.
Represento-te.

Cobrem-te com terra e hesito porque acho que não me despedi o suficiente.
Não oiço nada.
Apenas a pá na terra, e a terra na madeira.
(Será que fiz o suficiente?)
Arde-me o peito.
Os olhos das pessoas em mim.
(Sou forte.)
A mão dela na minha.
(Respira.)
 
Onde é que irei ouvir a tua voz de novo?
O calor da tua mão na minha cara.
A casa ainda não deu pela tua falta. Ainda mantém o teu cheiro. Ainda há roupa tua no estendal. O teu lugar na mesa ainda cá está.
(Posso chorar?)
 
Voltarei a ser o mesmo?
Posso ainda dizer que sou teu filho, se já cá não estás?
 
Vou deixar-te ir.
Irei prepetuar-te com as minhas ações e junto da minha memória e coração.
Podes ir, pai.
Eu guardo a mãe. Eu protejo-a do que surgir.
Vou manter-nos bem.
Podes parar de sofrer.
 
Que todas as flores que te cobrem, te protejam do frio.
 
(em memória de Carlos Lopes 1962-2013)

Espelho meu, espelho meu, existe...



Há bastante tempo que queria ter um espelho branco. Como não conseguia encontrar o que pretendia... lembrei-me de dar uma vistinha de olhos pelo OLX. Encontrei este espelho dourado e voilá! Coloquei mãos à obra, não fosse eu a Mamigyver, desmanchei a moldura, limei-a, pintei-a com um primário e depois com tinta branca, voltei a colocar a moldura e gostei muito do final.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Para os Braços da Minha Mãe



Palavras para quê?
Simplesmente divinal.
(Tenho que fazer um video com fotos da minha mãe e da minha avó, com esta música. Gosto mesmo!)

Cheguei ao fundo da estrada,
Duas léguas de nada,
Não sei que força me mantém.
É tão cinzenta a Alemanha
E a saudade tamanha,
E o verão nunca mais vem.

*** Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa,
Pisar a terra em brasa,
Que a noite já aí vem.
Quero voltar
 Para os braços da minha mãe,
Quero voltar
Para os braços da minha mãe.

Trouxe um pouco de terra,
Cheira a pinheiro e a serra,
Voam pombas
No beiral.
Fiz vinte anos no chão,
Na noite de Amsterdão,
Comprei amor
Pelo jornal.
***
Vim em passo de bala,
Um diploma na mala,
Deixei o meu amor p'ra trás.
Faz tanto frio em Paris,
Sou já memória e raiz,
Ninguém sai donde tem Paz.
***