sexta-feira, 19 de agosto de 2016

As Redes Sociais no mês de Agosto

Também a minha opinião sobre o querido mês de Agosto e as Redes Sociais, um texto do Jornal Expresso do Luis Pedro Nunes, muito bom mesmo, a ler!

"Quem tenha estado a trabalhar nesta quinzena de agosto e espreitado o Facebook pôde acompanhar ao pormenor as férias de muitos portugueses. Com uma particularidade: foram todas, mas todas, extraordinárias, fantásticas, cheias de momentos inesquecíveis; o mar esteve sempre azul-turquesa, as bebidas geladas, a areia dourada (benditos filtros, há já um que elimina as multidões à beira-mar). As fotos não mentem. Os murais do Facebook escorrem sorrisos bronzeados, corações ao sunset, grupos que irradiam aquela luz interior da amizade. E, contudo, contudo, alguns deles até conheço. Dá-se o caso de até saber, por conversar antes de partirem, que estavam com ‘depressões & problemas’, coisas graves, tretas sérias, vidas madrastas. E olha-os agora. O Facebook passou a ser uma encenação de uma vida ficcional que aceitamos sem questionar. O piorzito é que o Facebook (e Instagram) passou a ser uma tentativa de destabilizar o outro que não foi, o que ficou a trabalhar — o que acaba por ser um viver para o chefe que detestamos —, para a amiga que admiramos, para o ex que está bem, enfim. Ninguém posta que isto está a ser uma miséria, os preços são péssimos, estou a detestar. Nada. Tudo happyyyyy.

Corre-se o feed. Não é possível que haja tanta gente feliz à beira-mar. Aliás, basta frequentar praias para o constatar. Pelo resultado, cada vez mais se avoluma a tese de as redes sociais se estarem a tornar um instrumento para preservar uma felicidade ficcionada, criada para servir aos “amigos”. Presentes e futuros. Um acervo de vivências exuberantes.
Esta é uma hipótese já aqui descrita a propósito de o “Medo de Ficar de Fora” (ou FoMo), que obriga a estar sempre a ir ao telemóvel tentar ver o que os amigos estão a fazer. Não estejam eles a divertir-se por nós. A ida para férias é um medo maior. As minhas férias têm de parecer melhores do que as dos outros. Tudo isto é causa de ansiedade social.

Numa altura da vida deixei de comprar artesanatos nas viagens. Um stresse. Era mais um penduricalho para a prima da prima. Recentemente, as fotos de telemóveis vieram preencher esse espaço de ansiedade cumulativa. Era absolutamente necessário a foto no local, para postar. O Facebook assim o exigia. Mais uma vez deixava de ser algo para nós (a viagem), para passar a ser para o outro. E a angústia: perdi aquele local. Ou seja: não tirei lá uma foto.

As redes sociais e os telemóveis têm tido um impacto poderoso em todo o planeta, que estamos a tentar compreender. E que passa também por esta patética necessidade de representação de felicidade e controlo sobre a felicidade dos que nos estão próximos, além da dimensão global da comunicação que nos ultrapassa. Basta imaginar que não há praticamente aldeia de África sem serviço de telemóvel. Há rede, há cartões. O que se vende é a energia para recarregar o telemóvel, dado que não há eletricidade, sequer. Esta impossibilidade da não comunicação é algo que ainda não assimilamos e não percebemos. Não trouxe desenvolvimento, mas frustração às tribos de telemóvel, mas sem saneamento ou furo de água.
Voltando ao que perturba no quotidiano: esta utilização das redes como uma certa representação de felicidade encenada em competição com os amigos. Mas é esta “ilusão hipócrita” algo típico das redes? É neste ponto que os “pouco dados” às redes sociais costumam sacar do argumento dos “amigos verdadeiros” do “mundo real”.

Lia preguiçosamente o “New York Times” de domingo quando um título puxou por mim: “Será que os seus amigos gostam verdadeiramente de si?” A mais recente investigação que envolve neurociência, psicólogos e cientistas comportamentais de todo o tipo, com a chancela do MIT, garante que há uma grande desconexão entre muitos daqueles a quem chamamos amigos e o que eles pensam de nós. Ou seja, há um grande mal-entendido sobre os que se consideram nossos amigos. Aqueles que habitam o mundo em que vivemos e interagem connosco nem sempre têm a ideia que nós achamos que eles têm de nós. Apenas, para aí, metade dos que consideramos nossos amigos responde na mesma moeda. Alguns deles nem sequer nos gramam.

Acontece que hoje se utiliza a expressão “fulano de tal é meu amigo” no sentido em que se usa a pessoa como um “investimento ou um bem móvel de futura utilização transacionável”, perdendo-se a noção do que é a amizade. Sicrano é apresentado publicamente como meu amigo porque me interessa para algo. É por isso natural que muitos não se revejam nesse estatuto, até porque aplicam as mesmas normas a outros. Por alto, metade das pessoas que consideremos amigas não acham que o são — diz o tal estudo. Usam o termo como peças cumulativas de estatuto. Ao dizer “sou amigo de fulano X” estou a valorizar-me (mesmo que o X me ache um idiota).

Tudo isto é triste. Mas a vida é triste. E em agosto tudo passa. Irei para a praia saltar e rir para a foto do Facebook. (E estará um cínico em casa a escrever uma crónica sobre o assunto e a desmascarar a marosca, mas a mostrar que é igual aos outros)"

Amor Electro - Juntos Somos Mais Fortes



Finalmente vou ver AMOR ELECTRO ao vivo e a cores!
Hoje nas Festas do Mar em Cascais!

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Para todas as SOFIAS

Hoje partilho convosco este texto que li e adorei:
 
"Temos uma lesão da mama com cerca de 6 centímetros, um Carcinoma".........
E passo a ouvir piiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....
Tenho 31 anos bem vividos.
Nunca parti um osso , (a cabeça e o queixo não contam)!... Tive um grande acidente de carro mas felizmente ficámos todos inteiros, também não conta! Posto isto, até há algum tempo atrás só tinha tirado sangue para fazer exames de rotina. Sementes, fruta, legumes, verduras peixe e carnes brancas? Já éramos íntimos. Fazia atividade física com muita regularidade e apesar disso e de tantas outras coisas em busca do que achamos hoje, ser saudável, 280 dias atrás fui diagnosticada com um cancro da mama que veio mudar para sempre a minha vida.
Olhando para trás, passei por injeções várias para estimular a ovulação, meses de quimioterapia, exames, análises, agulhas de perder a conta, a entrar e sair do meu corpo, 3 cirurgias, 2 anestesias gerais, 1 sedação, um mês de radioterapia, incontáveis horas em diversos hospitais, médicos e salas de espera, entre tantas, tantas, outras coisas que nunca, nem nos piores pesadelos fizeram parte do meu dia-a-dia.
Não satisfeita com a lista acima , também pude experiênciar cortar o cabelo, raspar a cabeça, ser careca durante uns 6 meses, sentir das melhores sensações da minha vida, a água a cair na cabeça todos os banhos! Mudei a pele, vi-me mudar de cor. Vi a minha cara, o meu corpo, a minha alma deformada. Tive a pele mais macia que veludo e mais pálida que um fantasma. Perdi as minhas grandes mamocas mas ganhei leveza para os 8 quilinhos que chegaram com tudo. Aprendi a lidar com ausências como com o cansaço. Frios, calores repentinos e intensos da "menopausa" ( que me vão acompanhar nos próximos 5 anos por conta do comprimidinho cor de rosa, o Tamoxifeno)... Chorei baba, ranho, passei noites acordada e dias a dormir, senti-me perdida, com medo, insegura, zangada achei algumas vezes que ia perder as forças, Ri muito, vi pores do sol...Fiz tudo o que tive vontade!...Ou quase tudo!... Mas, e todos os novos dias desde o primeiro, acordei comigo. - Não faço ideia o que um dia me vai levar mas desta não vai ser.
Enquanto os MEUS viravam as vidas do avesso para me ajudar, em tantos momentos que nem conseguia pensar. A minha casa virava um acampamento..., chegamos a dormir três na mesma cama! Fizeram turnos, tinham uma "ordem de trabalhos" tudo só para me aliviar.
Manifestações de carinho, de apoio, chegaram de todos os lados. Colegas de trabalho, diretos ou indiretos...Pessoas que eu nunca vi, abraçaram-me na rua a torcer por mim... Vocês! E a troca de energia boa e solidariedade que se gerou por aqui...
Todos os "parceiros" profissionais a confiar em mim... Até a imprensa, que tantas vezes é injusta e maldosa na sua maioria foi digna. Digna, comigo e com o tema!
A 13 de Novembro, quando o meu chão se abriu debaixo dos pés partilhei que ia fazer parte do grupo de Mulheres guerreiras que ganharam ao cancro. E desde esse dia, tornei-me "responsável" por pelo menos três vidas além da minha, que fizeram um diagnóstico precoce e estão neste momento a caminho da cura, como eu. Troquei mensagens de apoio, desabafos sinceros, que por vezes não confessavam aos próprios familiares e maridos...Ou simples palavras de amor. Mulheres e miúdas como eu, que tantas vezes ilustraram os meus posts, com as suas carequinhas de super mulheres! Encontrei nelas e elas em mim, alguma forma de motivação e esperança.
E se hoje o desfecho não fosse este?!
Se não fosse este, todo o amor que senti, tudo isto, já foi mais que suficiente para acalmar o coração e mostrar o propósito de certas coisas na nossa vida.
Obrigada é pouco, a todos os que me cuidaram, confiaram e torceram por mim!
Aos 20 anos achamos que somos invencíveis e que abusar do nosso corpo significa viver intensamente. Posso afirmar com toda a certeza que estamos redondamente enganados.
Viver intensamente nada tem a ver com submeter o corpo a riscos desnecessários.
Viver intensamente é sobre Amor, Amigos, viagens, gargalhadas e banhos de mar!
O resto é a nossa negligência disfarçada de intensidade. De felicidade vazia.
Nove meses se passaram e digo-vos amigos no auge da beleza, saúde e juventude! ...: Vocês não são invencíveis. Cuida-te, tem respeito por ti! Faz os teus exames de rotina independentemente da idade que tens.
Não adies a contar que não vai acontecer contigo! Entrei nesta luta para ganhar mas se tivesse deixado para mais tarde, hoje talvez ela estivesse perdida!... Mas não está!!!!!


 "Terminou Sofia, parabéns...Fase concluída."


  Oiiiii?! Terminou?! Tenho que me sentar...é isso ou vão-me apanhar ao chão. Não quero chorar, não quero!Mas as lágrimas têm vida própria e querem fazer parte da festa aos pares. Tremo dos pés à cabeça, parece mentira, não consigo verbalizar...Só consigo pensar....


 OH MEU DEUS, MEU DEUS, TERMINOU? E AGORA?! EU CONSEGUI?! CONSEGUI!!! CONSEGUI! Car%£¥••%#*+&€@🙀!!!
Por ti, por mim, pela vida, OBRIGADA!!!!!!! 💖"